lights, camera...reading!: 07.08

...e eu estava indo me encontrar com a Carol, ela só deixa o trabalho as 18hras, eu por outro lado já estou com horários mais flexíveis, marcamos de nós encontrar em qualquer lugar na praça da Savassi, já que eu estava por ali mesmo. Fui então procurar um lugar pra sentar enquanto esperava por ela, entrei em uma livraria, a Status Café ali na Pernambuco, lugar charmoso e agradável, é por la que ia ficar mesmo. Procurei uma mesa, gosto daquele ambiente de livraria, cercada por livros me sentei no andar de baixo, em uma mesa bem no canto.O garçom veio com o cardápio, e eu sabendo que estava um pouco adiantada no meu encontro com a Carol aproveitei pra pedir enquanto esperava. Pedi logo um bloody mary, acendi um cigarro, cruzei as pernas e apoiei uma mão no queixo, e ficava então rodeando meu olhar, olhar de quem está esperando alguém, e reparando em tudo ao meu redor, inclusive no telão que tocava um DVD do Barry White, aquele som agradável, eu gosto do Barry, papai que me ensinou, aliás, alguma boa parte do meu bom gosto(sim, bom gosto)veio dele. Então comecei a me ver ali, balançando um pouco meus pés de um lado pro outro, e ali naquele momento tão meu(o garçom chega com minha bebida)comecei a me recordar de um fato ocorrido comigo a um tempo atrás e me permeti mergulhar naquele sentimento, naquela lembrança, enquanto bebia meu bloody mary e tragava meu cigarro, o Barry White me deixava bem...é, bem, de tranquilidade, quando vi, me pegava sorrindo, sozinha, todas aquelas memórias estavam me deixando finalmente em paz comigo mesmo, eu que tentei apagar qualquer rastro daquele fato e ele me aparece bem ali, descomplicado, numa quinta-feira. Fato era eu começar a me questionar se ainda gostava dele, mas na posição confortável em que estava, não abri espaço pra questionamentos. Logo a síndrome do band-aid me aparece, de puxar logo pra não sentir dor, não sei ao certo dizer se isso e coisa de covarde ou é um ato corajoso, sinceramente, já não ligo mais, só enxergo em um túnel de perguntas e repostas tentando se encontrar desesperadamente, como se estivessem cegas, procurando cada uma o seu par...meu telefone toca ali me despertando daquele momento todo, era a Carol me dizendo que ficou presa no serviço e que não ia dar pra ir pra me encontrar, eu olhei as horas e sem perceber, já haviam se passado uma hora e meia e mais algumas doses de bloody mary, eu disse a ela tudo bem, e que ligava depois pra marcamos novamente.

Desliguei o telefone e uns minutos depois o Barry ainda estava la, mas já estava se despedindo da sua incrível platéia, do seu incrível show.Felizmente ou infelizmente o estado em que me encontrava a alguns minutos atrás, antes de atender o telefone, havia mudado, i mean, eu continuei balançando meus pés, continuei cantando baixinho a música, mas dessa vez eu estava ali na livraria, na minha mesa do canto, acordada.

No final, pedi o garçom a conta e o DVD.